Amaura chegou para escrever uma página no curto histórico da soul em Portugal. Após anos a colaborar com artistas de rap, e de se ter notabilizado em álbuns como O Processo, de Beware Jack e Blasph, O Amor Encontra-te no Fim, de Fred, e Forever Young, de TNT, reivindicou um espaço próprio. Que apesar de aí ter batido as asas no hip-hop, moveu-se para outras regiões da geografia da música negra.

Nesse necessário e natural processo de auto-reconhecimento, foi na soul e no r&b que encontrou abrigo. Uma voz própria, feita de romantismo, charme e existencialismo, sem esquecer o gosto pela poesia há muito cultivado. O inaugural Em Contraste reuniu alguns singles anteriores como Blues do Tinto, Dança e Surfista da Banheira, e, de imediato, a inscreveu como uma figura singular no panorama. Em paralelo, acompanhou Sam The Kid nos históricos concertos de regresso do patriarca do rap português. Em 2023, chega o sucessor Sub-Espécie, uma assumida libertação interior após a perda da mãe. O álbum parte de um imenso vazio para se transformar e elevar, quer como celebração da vida, quer como ode ao amor próprio. Dividido em três partes, cada uma com o seu produtor (DJ Player, Tayob e Iuri Rio Branco), junta-lhe os convidados Capicua, Fred (Orelha Negra), João Gomes (Orelha Negra, Fogo-Fogo) e New Max (Expensive Soul).